sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ALÇANDO VÔOS INICIAIS EM CRIMINOLOGIA CULTURAL

Obviamente que ansiosa pelo início das aulas do doutorado e, influenciada pelas discussões propostas pelo Mestre Salo no Antiblogdecriminologia, comecei a fazer algumas incursões sobre Criminologia Cultural, e obviamente encontrei Jeff Ferrel que reavivou meu interesse pela a arte de rua, graffiti, hip hop e afins....
A discussão proposta por Ferrel acerca dos crimes de estilo é bastante interessante... ou seja, a leitura do graffiti como "sabotagem estética", resistência, crime e poder.... aparece como algo realmente distinto de todas as abordagens criminológicas até então... Todavia, preciso conhecer muito ainda... 
Mas, seguindo tais caminhos tortuosos acabei me defrontando com uma esfera interessante do "Choque de Ordem" que ocorre no RJ, aquela que criminaliza as manifestações culturais dos jovens na periferia, essencialmente os bailes funk, o hip hop e o graffiti.


Paralelamente a isso lendo o artigo de Ricardo Campos - "A imagem é uma arma: a propósito de riscos e rabiscos no Bairro Alto", sobre a suposta "revitalização" desse bairro histórico de Lisboa, encontrei algo que efetivamente ilustra os anseios contemporâneos de "purificação e higienização". 
Nas palavras de Carlos Fortuna a busca da "cidade desodorizada". 
Monidos de "boas intenções", "bons modos", normas, baldes, e produtos de limpeza a Câmara Municipal de Lisboa aprovou o Plano Integrado de Intervenção do Bairro Alto.
Este plano dentre outras tantas medidas, prevê a limpeza das fachadas dos prédios com a distribuição de 100 kits de manutenção para os moradores, o protocolo com o Ministério Público para a punição imediata de quem for apanhado a fazer graffiti "selvagem" (não se sabe o que significa) e, pasmem, a criação de uma Galeria de Arte Urbana para enjaular a arte de rua. 
Vale a pena entrar no site e dar uma olhada na apresentação do Plano Integrado.
Os graffitis e tags aparecem efetivamente como atos ilícitos e o seu combate como condição essencial de retomada da segurança e urbanidade do bairro. Interessante.
(http://www.cm-lisboa.pt/?idc=42&idi=35209)

  

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010



“No es la moralidad ni el sistema positivo de valores de una sociedad lo que la hace progresar, es su inmoralidad y su vicio”. (BAUDRILLARD, 1991).

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

BASTARDOS INGLÓRIOS E HANNAH ARENDT



Bárbaro, em sentido amplo, pq é ao mesmo tempo maravilhoso, único, exagerado, chocante, irônico, e não raras vezes cômico.
Tarantino supera a classificação reducionista de uma “estética da violência”, vai muito além, porquê ao mesmo tempo em que revira nossos “delicados estômagos”, nos faz rir do que existe de mais ridículo no trágico.
Além disso, esteticamente o filme é perfeito, sem falar na trilha sonora .....
Mas o mais instigante de tudo isso é o tema central do filme, ou seja, a singular idéia de abordar a ação do grupo “bastardos inglórios”, que pretende revidar a violência praticada pelos nazistas e matar Hitler. Utilizando alta dosagem de violência e humor negro, os integrantes do grupo liderado por Brad Pitt, submetem soldados e oficiais alemães a algumas atrocidades...
Mas o impressionante é que tais atrocidades não nos produzem aquela sensação horrorosa de revolta, náusea, dor e aflição. E não digam que isso está relacionado com a suavização causada pelo exagero e humor negro. Obviamente que tais dimensões cumprem seu papel, mas arrisco outra hipótese!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Penso convictamente que o nosso inconsciente coletivo carrega o trauma irreconciliável do extermínio, o qual acaba por dar vazão as nossas mais contidas fantasias e desejos de vingança.
O Holocausto, ferida incurável, de tempos em tempos nos transforma todos em judeus. Pensando nisso me vem a frase de Hannah Arendt: “Os homens não podem perdoar aquilo que não podem punir, nem punir o que é imperdoável” (A Condição Humana, p. 253).
É um paradoxo muito louco, mas também bastante interessante para pensarmos a violência e, também a punição.
GRANDE TARANTINO.