quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DOIS NOVOS ESPAÇOS EM PORTO ALEGRE REÚNEM O MELHOR DA NOVA GERAÇÃO DE ARTISTAS ...

A PRIMEIRA É A GALERIA FITA TAPE QUE FICA NA JOSÉ BONIFÁCIO, 485 (RUA DO BRIQUE). É UM ESPAÇO PARA A CULTURA DE RUA, O GRAFITE.... REUNINDO OS PRINCIPAIS NOMES AQUI DO RIO GRANDE DO SUL.
TRAMPO UM DOS MAIS CONHECIDOS GRAFITEIROS DO SUL MONTOU UMA SUPER EXPOSIÇÃO QUE FICOU NA GALERIA ATÉ OUTUBRO.... E TB PINTOU UM PAINEL MUITO LOUCO NAS PAREDES DA PRÓPRIA GALERIA.
O SEGUNDO ESPAÇO É O MUNDO AG PRODUTORA DE ARTE, LOCALIZADA NA RUA ALCIDES CRUZ, 398. A VISITAÇÃO PODE SER MARCADA POR TELEFONE: 3407.3006.
ESTE ESPAÇO REÚNE VÁRIOS ARTISTAS, COMO RENAN SANTOS, EDUARDO UCHOA, CAROL W, CUSCO REBEL, MATEUS GRIMM.... ENTRE OUTROS.
SÃO TELAS, TOYS, ESCULTURAS, GRAFITE, PAPEL MACHÊ, OBJETOS, MOBILIÁRIO E, TODAS AS OBRAS ESTÃO A VENDA. 
MUITO LEGAL CONFIRAM..... PARECE QUE COMEÇAM A SURGIR ESPAÇOS ALTERNATIVOS, DIFERENTES DAS GALERIAS POMPOSAS.... LOCALIZADAS NOS BAIRROS "NOBRES" DA CIDADE QUE NÃO APENAS DIFICULTAM O ACESSO, COMO TAMBÉM CONSTRANGEM A VISITAÇÃO.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

GRANDE JUREMIR


Como todo mundo, apesar das minhas ressalvas ao mercantilismo do Bom Velhinho, eu também faço os meus pedidos de Natal. Só que, desta vez, mandarei a minha cartinha para uma mulher. Farei meus pedidos a Dilma Rousseff. Luiz Inácio já a chamou de "mãe do PAC". Não é de duvidar que fique conhecida como "mãe dos pobres". Imagino a direita esbravejando contra o que talvez venha a rotular de "neopopulismo feminino". Estou delirando. Mas os meus pedidos são verdadeiros. Não pedirei pouco. Pensando bem, também não é muito. Pedirei coerência. Não é para rir. Sim, eu acredito em Papai Noel, em coerência de político e na vida extraterrestre. Uma vez por ano.

O que espero da Dilma? Primeiro, que abra os arquivos da ditadura militar imposta ao Brasil em 1964. Não quero comissão da verdade, não desejo a revogação da lei da anistia, não defendo revanche ou vingança, não quero ver sangue jorrando nem cicatrizes se abrindo. Quero pesquisar. A Argentina julgou seus ditadores. Ainda nesta semana, o general golpista Jorge Videla sentou-se no banco dos réus e assumiu seus crimes sem arrependimento. Pegou prisão perpétua pelos seus feitos militares. Esse assunto repercutiu mais na Europa do que no Brasil. Os europeus esquecem com mais dificuldade. Se Dilma sentar em cima dos arquivos da ditadura, como Luiz Inácio fez, eu me sentirei muito decepcionado e julgarei que a esquerda tem mais a esconder do que a direita.

Meu segundo pedido à presidente é que não defenda ditaduras, nem de esquerda nem de direita, e coloque os direitos humanos acima dos interesses econômicos. Cuba é uma ditadura de esquerda. O Irã é uma ditadura de direita. Não é possível ficar afagando quem apedreja mulheres por "crime" de adultério ou proíbe cineasta de filmar para não receber críticas. É inaceitável andar de braços dados com quem coloca homossexual na cadeia pelo "crime hediondo" de preferir pessoas do mesmo sexo. É verdade que o mundo inteiro se rende aos interesses econômicos. Os Estados Unidos brigam com o Irã, mas andam de mãozinha com a Arábia Saudita. O Brasil pode ser diferente. Peço à presidente que favoreça a desconcentração da mídia, mas não tenha a tentação de controlar conteúdos, pois isso só tem um nome: censura.

Enfim, são pedidos humildes, sinceros, sem qualquer interesse escuso. Espero que a presidente os acolha com generosidade e decida fazer feliz este cidadão comum apaixonado pela verdade, por história, por justiça, pelo Brasil. Sei que a presidente não pode e não deve entrar metendo o pé na porta, ainda mais de um palácio. Não peço que abra os arquivos da ditadura na manhã seguinte à sua posse. Pode ser dois dias depois. Brincadeirinha! Pode ser mesmo até o final de 2011. Quem esperou tanto tempo, pode aguardar mais um ano. Faço meus pedidos à presidente Dilma por não ter a quem recorrer. Como cidadão comum, sinto-me, muitas vezes, abandonado, esquecido, vilipendiado, atirado num canto feito um sapato velho. Deixarei minha cartinha no Correio (do Povo). Sei que a presidente sempre passa por lá. Se me atender, serei o guri mais feliz do mundo. Feliz Natal, presidente Dilma.

JUREMIR MACHADO DA SILVA
juremir@correiodopovo.com.br














MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DE ORGANIZAÇÕES DE DH SOBRE ALEMÃO E VILA CRUZEIRO


Há três semanas, as favelas do Alemão e da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, se tornaram o palco de uma suposta “guerra” entre as forças do “bem” e do “mal”. A “vitória” propagada de forma irresponsável pelas autoridades – e amplificada por quase todos os grandes meios de imprensa – ignora um cenário complexo e esconde esquemas de corrupção e graves violações de direitos que estão acontecendo nas comunidades ocupadas pelas forças policiais e militares. Mais que isso, esta perspectiva rasa – que vende falsas “soluções” para os problemas de segurança pública no país – exclui do debate pontos centrais que inevitavelmente apontam para a necessidade de profundas reformas institucionais.

Desde o dia 28 de novembro, organizações da sociedade civil realizaram visitas às comunidades do Alemão e da Vila Cruzeiro, onde se depararam com uma realidade bastante diferente daquela retratada nas manchetes de jornal. Foram ouvidos relatos que denunciam crimes e abusos cometidos por equipes policiais. São casos concretos de tortura, ameaça de morte, invasão de domicílio, injúria, corrupção, roubo, extorsão e humilhação. As organizações ouviram também relatos que apontam para casos de execução não registrados, ocultação de cadáveres e desaparecimento.

Durante o processo, a sensação de insegurança e medo ficou evidente. Quase todos os moradores demonstraram temor de sofrerem represálias e exigiram repetidamente que o anonimato fosse mantido. E foi assim, de forma anônima, que os entrevistados compartilharam a visão de que toda a região ocupada está sendo “garimpada” por policiais, no que foi constantemente classificado como a “caça ao tesouro” do tráfico.

A caça ao tesouro

É um escândalo: equipes policiais de diferentes corporações, de diferentes batalhões, se revezam em busca do dinheiro, das jóias, das drogas e das armas que criminosos teriam deixado para trás na fuga; em lugar de encaminhar para a delegacia tudo o que foi apreendido, as equipes estão partilhando entre elas partes valiosas do “tesouro”. Aproveitando-se do clima de “pente fino”, agentes invadem repetidamente as casas e usam ameaças e técnicas de tortura como forma de arrancar de moradores a delação dos esconderijos do tráfico. Não bastasse isso, praticam a extorsão e o roubo de pequenas quantias e de telefones celulares, câmeras digitais e outros objetos de algum valor.

Apesar deste quadro absurdo, o governo do estado do Rio de Janeiro tenta mais uma vez esvaziar e desviar o debate, transformando um momento de crise em um momento triunfal das armas do Estado. Nem as denúncias que chegaram às páginas de jornais – como, por exemplo, as que apontam para a fuga facilitada de chefes do tráfico – foram respondidas e investigadas. Independente disso, os relatos que saem do Alemão e da Vila Cruzeiro escancaram um fato que jamais pode ser ignorado na discussão sobre segurança pública no Rio de Janeiro: as forças policiais exercem um papel central nas engrenagens do crime. Qualquer análise feita por caminhos fáceis e simplificadores é, portanto, irresponsável. E muitas vezes, sem perceber, escorregamos para estas saídas.

Direcionar a “culpa” de forma individualizada, por exemplo, e fazer a separação imaginária entre “bons” e “maus” policiais é uma das formas de se esquivar de debates estruturais. Penalizar o policial não altera em nada o cenário e não impede que as engrenagens sigam funcionando. Nosso papel, neste sentido, é avaliar os modelos políticos e as falhas do Estado que possibilitam a perversão da atividade policial. Somente a partir deste debate será possível imaginar avanços concretos.

Diante do panorama observado após a ocupação do Alemão, as organizações de direitos humanos cobram a responsabilidade dos Governos e exigem que o debate sobre a reforma das polícias seja retomado de forma objetiva. Nossa intenção aqui não é abarcar todos os muitos aspectos desta discussão, mas é fundamental indicarmos alguns aspectos que achamos essenciais.

Falta de transparência e controle externo

A falta de rigor do Estado na fiscalização da atuação de seus agentes, a falta de transparência nos dados de violência, e, principalmente, a falta de controle externo das atividades policiais são fatores que, sem dúvida, facilitam a ação criminosa de parte da polícia – especialmente em comunidades pobres, distantes dos olhos da classe média e das lentes da mídia. E os acontecimentos das últimas semanas realmente nos dão uma boa noção de como isso acontece.

Apesar dos insistentes pedidos de entidades e meios de imprensa, até hoje, não se sabe de forma precisa quantas pessoas foram mortas em operações policiais desde o dia 22. Não se sabe tampouco quem são esses mortos, de que forma aconteceu o óbito, onde estão os corpos ou, ao menos, se houve perícia, e se foi feita de modo apropriado. A dificuldade é a mesma para se conseguir acesso a dados confiáveis e objetivos sobre número de feridos e de prisões efetuadas. As ações policiais no Rio de Janeiro continuam escondidas dentro de uma caixa preta do Estado.

Na ocupação policial do Complexo do Alemão em 2007, a pressão política exercida por parte deste mesmo coletivo de organizações e movimentos viabilizou, com a participação fundamental da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, um trabalho independente de perícia que confirmou que grande parte das 19 mortes ocorridas em apenas um dia tinham sido resultado de execução sumária. Foram constatados casos com tiros à queima roupa e pelas costas, disparados de cima para baixo, em regiões vitais, como cabeça e nuca. Desta vez, não se sabe nem quem são, quantos são e onde estão os corpos dos mortos.

Para que se tenha uma ideia, em uma favela do Complexo do Alemão representantes das organizações estiveram em uma casa completamente abandonada. No domingo, dia 28, houve a execução sumária de um jovem. Duas semanas depois, a cena do homicídio permanecia do mesmo jeito, com a casa ainda revirada e, ao lado da cama, intacta, a poça de sangue do rapaz morto. Ou seja, agentes do Estado invadiram a casa, apertaram o gatilho, desceram com o corpo em um carrinho de mão, viraram as costas e lavaram as mãos. Não houve trabalho pericial no local e não se sabe de nenhuma informação oficial sobre as circunstâncias da morte. Provavelmente nunca saberemos com detalhes o que de fato aconteceu naquela casa.

“A ordem é vasculhar casa por casa…”

Por outro lado, o próprio Estado incentiva o desrespeito às leis e a violação de direitos quando informalmente instaura nas regiões ocupadas um estado de exceção. Os casos de invasão de domicílio são certamente os que mais se repetiram no Alemão e na Vila Cruzeiro. Foi o próprio coronel Mario Sérgio Duarte, comandante da Polícia Militar do Rio de Janeiro, quem declarou publicamente que a “ordem” era “vasculhar casa por casa”, insinuando ainda que o morador que tentasse impedir a entrada dos policiais seria tratado como suspeito. Mario Sérgio não apenas suprimiu arbitrariamente o artigo V da Constituição, como deu carta-branca à livre atuação dos policiais.

Em qualquer lugar do mundo, a declaração do coronel seria frontalmente questionada. Mas a naturalidade com que a fala foi recebida por aqui reflete uma construção histórica que norteia as ações de segurança pública do estado do Rio de Janeiro e que admite a favela como território inimigo e o morador como potencial criminoso. Em comunidades pobres, o discurso da guerra abre espaço para a relativização e a supressão dos direitos do cidadão, situação impensável em áreas mais nobres da cidade. De fato, a orientação das políticas de sucessivos governos no Rio de Janeiro tem sido calcada em uma visão criminalizadora da pobreza.

Em meio a esse caldo político, as milícias formadas por agentes públicos – em especial por policiais – continuam crescendo, se organizando como máfia por dentro da estrutura do Estado e dominando cada vez mais bairros e comunidades pobres no Rio de Janeiro. No Alemão e na Vila Cruzeiro, comenta-se que parte das armas desviadas por policiais estaria sendo incorporadas ao arsenal destes grupos. Especialistas avaliam com bastante preocupação a forma como o crime está se reorganizando no estado.

Mas isto continua tendo importância secundária na pauta dos Governos. De olhos fechados para os problemas estruturais do aparato estatal de segurança, seguem apostando em um modelo militarizado que não é direcionado para a desarticulação das redes do crime organizado e do tráfico de armas e que se mostra extremamente violento e ineficaz.

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2010.
Assinam:
Justiça Global
Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência
Conselho Regional de Psicologia – RJ
Grupo Tortura Nunca Mais – RJ
Instituto de Defensores de Direitos Humanos
Centro de Defesa dos Direitos Humanos de Petrópolis


terça-feira, 21 de dezembro de 2010

OLHOS AZUIS: UM DUELO NA FRONTEIRA


Dirigido por José Joffily, foi filmado no Brasil com atores americanos e brasileiros. É um thriller que mostra os  rituais desmoralizantes e degradantes pelos quais o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em NY submete latino-americanos que tentam entrar nos EUA.

O atormentado Marshall (David Rasche), no seu último dia de trabalho resolve se divertir complicando a entrada no país de vários latino-americanos. Entre eles está Nonato (Irandhir Santos), um brasileiro radicado nos EUA, dois poetas argentinos, uma bailarina cubana e um grupo de lutadores hondurenhos. Dois anos depois, Marshall vem ao Brasil procurar uma menina de nome Luiza. Quando ele conhece Bia (Cristina Lago), uma jornada em busca de redenção se inicia.
A direção é maravilhosa, alternando presente e passado, bem como cenas interiores ambientadas no aeroporto e, cenas de estrada no nordeste brasileiro. Ou seja, além de tratar de forma contundente da questão da "criminalização da imigração", dos dramas e histórias pessoais de cada um dos atores, também retrata a miséria e a prostituição do nordeste.
Olhos Azuis foi o grande vencedor do II Festival Paulínia de Cinema com seis prêmios, incluindo o de Melhor Filme.

Muito Boooooooooooommmmmmmmmmmmmmm, vale a pena galera.