sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CONTRA A CARETICE ESCOLAR "UM CONTRATO COM DEUS" DE WILL EISNER


Embora não sendo especialista na área da educação, muito menos infantil, tanto por convicção como por intuição sempre achei a escola por demais careta, e pior, refratária a tudo aquilo que não seja considerado tradicionalmente adequado do ponto de vista da pedagogia do controle e disciplina. Ou seja, resistente a tudo que incite questionamentos, criatividades, irreverências, liberalidades... ou mal comportamento.

A discussão acerca dos livros de literatura infanto-juvenil comprados para as escolas públicas pelo Programa Nacional Biblioteca na Escola, criado pelo MEC, somente serviu para reforçar minha visão quanto o elogio ao conservadorismo escolar.

A crítica dos nossos respeitáveis "mestres" atingiu principalmente os quadrinhos, as novelas gráficas, charges, mangas, cartuns.... Obviamente que isso não se deu por acaso, mas exatamente pelo fato desse tipo de literatura fugir completamente das indicações compreendidas como essenciais para a formação educacional, cultural, moral e ética de nossas adoráveis criancinhas.

A natureza transgressora tanto do traço artístico, como do conteúdo de tais publicações agrediu os arautos da moral e do senso comum, jogando na lata do lixo a oportunidade singular de estabelecer um diálogo bem humorado com esta nova geração.

Conforme nos chama atenção Betania Libano Dantas de Araújo, doutora pela USP em Educação, nossos alunos não precisam mais de humor sem qualidade, ou de mal humor, pois nossas casas são diariamente invadidas por este tipo de programação, marcadas por piadas grotestas, carregadas de preconceitos e humilhações.

Então a escola deveria dar viva o bom humor.

Mas, como tudo tem dois lados, o inusitado, o controverso e contraditório... A discussão suscitou a curiosidade de muitos, entre eles a que vos fala.

Fui tentar conhecer algumas das obras malditas, perseguidas pela inquisição pedagógica.

Achei algo maravilhoso, a obra em quadrinhos de Will Einser - "Um Contrato Com Deus" - publicada em 1978 e, considerada a primeira graphic novel da História.

São quatro contos o primeiro "Um Contrato Com Deus" trata da relação do homem com Deus; o segundo "Cantor de Rua" trata da vida de um homem durante a Grande Depressão; o terceiro "O Zelador" misterioso e temido guardião do prédio do Bronx onde o autor passou a infância; e o quarto "Cookalein" descreve uma estância de veraneio numa fazenda onde os hóspedes preparam suas próprias refeições.

O livro foi condenado, pois além de questionar a existência de Deus, traz cenas de sexo, e sugere fantasias pedófilas.

Imperdoável, a realidade realmente é bastante inadequada a nossos jovens.

Respeitemos a incapacitação, o seqüestro da criativadade, e a mutilação da liberdade de escolha.


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