quinta-feira, 30 de julho de 2009

PORTO ALEGRE NO CIRCUITO DA TOY ART - ALMA GORDA EM MONSTROS DO ROCK


AMY WINEHOUSE, A LOUCA.....

BONO, ÚNICO

LENNON


RENATO RUSSO, RAULZITO, RITA LEE E CAZUZA


MICHAEL JACKSON EM SUAS DUAS VERSÕES

CLAUDE LEVI-STRAUSS EM TRISTES TRÓPICOS

NOSSA CULTURA SE OPÕE À DOS PRIMITIVOS. ESTA É ANTROPOFÁGICA. A NOSSA É ANTROPOÊMICA, NÃO SUPORTA OS DESVIOS, OS VOMITA PARA FORA: PRENDE, INTERNA, CONFINA, EXILA, MATA....

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Oleo de muljer con sombrero, Silvio Rodriguez


Una mujer se ha perdido conocer el delirio y el polvo, se ha perdido esta bella locura, su breve cintura debajo de mí. Se ha perdido mi forma de amar, se ha perdido mi huella en su mar. Veo una luz que vacila y promete dejarnos a oscuras. Veo un perro ladrando a la luna con otra figura que recuerda a mí. Veo más: veo que no me halló. Veo más: veo que se perdió. Una mujer innombrable huye como una gaviota y yo rápido seco mis botas, blasfemo una nota y apago el reloj. Que me tenga cuidado el amor, que le puedo cantar su canción. La cobardía es asunto de los hombres, no de los amantes. Los amores cobardes no llegan a amores, ni a historias, se quedan allí. Ni el recuerdo los puede salvar, ni el mejor orador conjugar. Una mujer con sombrero, como un cuadro del viejo Chagall, corrompiéndome al centro del miedo y yo, que no soy bueno, me puse a llorar. Pero entonces lloraba por mí, y ahora lloro por verla morir.

POSTADO POR MELISSA (CHILENITA)

Mi ciudad (Santigo do Chile)

A Mi Ciudad(Santiago del Nuevo Extremo)
Quien me ayudariaa desarmar tu historia antiguay a pedazos volverte a conquistaruna ciudad quiero tenerpara todos construiday que alimente a quien la quiera habitar.
Santiago, no has querido ser el centroy tu nunca has conocido el mar.Como seran ahora tus callessi te robaron las noches.
En mi ciudad murio un diael sol de primaveraa mi ventana me fueron a avisaranda, toma tu guitarratu voz sera de todos los que un diatuvieron algo que contar.
Golpeare mil puertas preguntando por tus diassi responden aprendera a cantarrecorreremos tu alegria desde el cerro a tus mejillas y de ahi saldra un verso a mi ciudad.
Santiago, quiero verte enamoradoy a tu habitante mostrarte sin temoren tus calles sentiras mi paso firme y sabre de quien respira a mi lado.
En mi ciudad....
Canta, es mejor si vienes,tu voz hace faltaquiero verte en mi ciudad (bis)
En mi ciudad....

POSTADO POR MELISSA MINHA CHILENITA QUERIDA

terça-feira, 28 de julho de 2009

CANDIDO PORTINARI O MENINO DO PAPAGAIO


O CADERNO DE SARAMAGO

Direito a pecar - José Saramago (28.07.2009)
Na lista das criações humanas (outras nada têm que ver com a humanidade, como sejam o desenho nutritivo da teia de aranha ou a bolha de ar submersa que serve de ninho ao peixe), nessa lista, dizia eu, não tenho visto incluído aquele que foi, em tempos passados, o mais eficaz instrumento de domínio de corpos e almas. Refiro-me ao sistema judiciário resultante da invenção do pecado, à sua divisão em pecados veniais e pecados mortais, e consequente rol de punições, proibições e penitências. Hoje desacreditado, caído em desuso como aqueles monumentos da antiguidade que o tempo arruinou, mas que conservam, até à última pedra, a memória e a sugestão do seu antigo poder, o sistema judiciário baseado no pecado ainda continua a envolver e penetrar, com fundas raízes, as nossas consciências.
Compreendi-o melhor à vista das polémicas causadas pelo livro a que dei o título de O Evangelho segundo Jesus Cristo, agravadas quase sempre por insultos e outros desvarios caluniosos dirigidos contra o temerário autor. Sendo o Evangelho apenas um romance que se limita a “reencenar”, ainda que de modo oblíquo, a figura e a vida de Jesus, é surpreendente que muitos dos que contra ele se insurgiram o tenham visto como uma ameaça à estabilidade e à fortaleza dos fundamentos do próprio cristianismo, em particular na sua versão católica. Seria a altura de nos interrogarmos sobre a real solidez desse outro monumento herdado da antiguidade, se não fosse evidente que tais reacções se deveram, essencialmente, a uma espécie de tropismo, reflexo do sistema judiciário do pecado que, de uma maneira ou outra, levamos dentro. A principal dessas reacções, ainda assim das mais pacíficas, consistiu em protestar que o autor do Evangelho, não sendo crente, não tinha o direito de escrever sobre Jesus. Ora, independentemente do direito básico que a qualquer escritor assiste de escrever sobre qualquer assunto, acresce, neste caso, a circunstância de que o autor do Evangelho segundo Jesus Cristo se limitou, bem vistas as coisas, a escrever sobre algo que directamente lhe interessa e lhe toca, pois que, sendo efeito e produto da civilização e das culturas judaico-cristãs, é, em tudo e por tudo, no plano da mentalidade, um “cristão”, ainda que a si próprio filosoficamente se defina e na vida corrente se comporte como o que também é – um ateu. Desta maneira, será legítimo dizer que, tanto quanto ao mais convicto, observante e militante dos católicos, me assistia, a mim, incrédulo que sou, o direito de escrever sobre Jesus. Entre nós só encontro uma diferença, mas, essa, importante, ao de escrever, acrescentei, por minha conta e risco, outro que ao católico está proibido: o direito a pecar. Ou, por outras palavras, o humaníssimo direito à heresia.
Alguns dirão que isto são águas passadas. No entanto, como, neste particular, o meu próximo romance (desta vez não lhe chamarei conto) não será menos conflitivo, bem pelo contrário, achei que talvez valesse a pena pôr o penso antes da ferida. Não para me proteger (questão que nunca me preocupou), mas porque, como é costume dizer-se nestas paragens, quem avisa não é traidor.

domingo, 26 de julho de 2009

Para perdoar seus inimigos

“Minha disposição é a mais pacífica. Os meus desejos são: uma humilde cabana com teto de palha, mas boa cama, boa comida, o leite e a manteiga mais frescos, flores em minha janela e algumas belas árvores em frente de minha porta; e, se Deus quiser tornar completa a minha felicidade, me concederá a alegria de ver seis ou sete de meus inimigos enforcados nessas árvores. Antes da morte deles, eu, tocado em meu coração, lhes perdoarei todo o mal que em vida me fizeram. Deve-se, é verdade, perdoar os inimigos – mas não antes de terem sido enforcados.”
(Heine apud Freud: Obras completas, Imago, 1995)
Postado por Cláudia Fragozo em 26 de julho de 2009.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

CARTA DO MOVIMENTO PELA ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADUTA A GOVERNADORA IEDA

Exma. Sra. Governadora do Estado do Rio Grande do Sul,Yeda Crusius
O Movimento Pela Abertura dos Arquivos da Ditadura toma a iniciativa de escrever-lhe esta carta, em referência ao cartaz que a senhora escreveu ontem pela manhã, dia 16 de julho de 2009, e apresentou aos fotógrafos de órgãos de imprensa de todo o país.
A sua declaração, de que aquelas pessoas que ali estavam não eram professores, mas "torturadores", atinge não somente aqueles professores, que estão em seu pleno direito de reivindicar melhores salários e condições de trabalho, mas também todos os cidadãos brasileiros, vítimas diretas ou indiretas dos crimes cometidos por torturadores ao longo da história do Brasil. A utilização deste termo é uma prova da total falta de conhecimento histórico da senhora, e mais: um grande desrespeito à memória do país, que recentemente passou por um período de ditadura, não só militar, mas com contribuição de muitos civis, muitos hoje acusados de terem, esses sim, torturado pessoas.
Com sua declaração, a senhora ignorou totalmente a carga histórica que o conceito de "torturador" carrega. A senhora já ouviu o depoimento de alguém que tenha sofrido, verdadeiramente, uma tortura? Estas pessoas merecem o nosso respeito, o que não observamos na sua atitude.Isso corrobora para o que estamos chamando atenção há tempos: a utilização inadequeada de adjetivos, sem conhecer seu teor histórico, sem valor explicativo, e usado de forma pejorativa e impune. Isso acontece, também, com o conceito de "terrorista", que é utilizado para a luta armada brasileira, mas nunca atribuído às ações do aparato repressivo do Estado - ainda não desmontado, julgado e condenado - e com grupos para-militares, como o CCC, sigla que ainda hoje circula na sociedade brasileira, e é lembrada como o grande grupo que combatia o comunismo, sem saber de fato o que aquele grupo fez no Brasil.
A sua atitude se assemelha à dos torturadores e repressores, na medida em que, assim como as balas, as palavras ferem, e vêm justamente do lugar que deveria tomar conta de todos os cidadãos, independente de posicionamento político: o Estado.
A senhora comparou uma classe trabalhadora, que exercia um direito que fora suprimido por mais de 20 anos, àqueles responsáveis pela supressão do mesmo. Comparou-os a pessoas que cometeram crimes, e que estão por aí, impunes. Isto, senhora governadora, é considerado calúnia, segundo as leis do Estado que a senhora representa.
A senhora sentiu-se intimidada pela manifestação que impediu o direito de ir e vir de seus netos. A senhora sabe que durante os anos 1960, 1970 e 1980, vigoraram no Cone Sul ditaduras civil-militares que sequestraram, torturaram, desapareceram, mataram e apropriaram- se de crianças? Na Argentina, por exemplo, há mais de 500 crianças desaparecidas. Apenas 91 tiveram sua identidade restituída. A senhora sabe como isto foi feito? Através de lutas, confrontos, manifestações, como esta, que se realizava em frente a sua residência.
Seus netos, senhora governadora, provalvemente não saibam o estado em que se encontra a educação pública no Rio Grande do Sul, pois devem frequentar os melhores e mais caros colégios em Porto Alegre. Seus netos não devem fazer idéia do que seja passar trimestres, às vezes anos, sem uma disciplina, por falta de professor; ou estudarem em turmas com 50 alunos, por causa do enturmamento promovido pela senhora; ou enfrentarem as condições precárias em que se encontram muitas escolas; ou não possuírem uma boa educação por falta de recursos; ou encontrarem professores desmotivados pela miséria que é paga todos os meses. Estes sim, são torturados.
Senhora governadora, por todos esses motivos expostos nós, do Movimento Pela Abertura dos Arquivos da Ditadura, escrevemos esta carta com o objetivo de solicitar uma retratação pública da senhora, em frente às câmeras de televisão, para com todos os cidadãos brasileiros, que de uma forma ou de outra, sabem exatamente o que signifca o termo "torturado". Pedimos que a senhora tome essa atitude, em nome de todas as verdadeiras vítimas de crimes de tortura cometidos no Brasil, seja durante a ditadura civil-militar, seja ainda hoje em dia, pelo Estado.
Esta carta seguirá com cópia para órgãos de imprensa e endereços eletrônicos que quiserem publicá-la.Assinado:
MOVIMENTO PELA ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA-RSPorto Alegre, 17 de julho de 2009.
TEXTO ENCAMINHADO POR THIAGO VIAN

quinta-feira, 23 de julho de 2009


AMÉRICA [Allen Ginsberg Uivo e outros poemas]

América eu te dei tudo e agora não sou nada.

América dois dólares e vinte e sete centavos 17 de janeiro de 1956.

América não agüento mais minha própria mente.

América quando acabaremos com a guerra humana? Vá se foder com sua bomba atômica.

Não estou legal não me encha o saco.

Não escreverei meu poema enquanto não me sentir legal.

América quando é que você será angelical?

Quando você tirará sua roupa?

Quando você se olhará através do túmulo?

Quando você merecerá seu milhão de trotskistas?

América por que suas bibliotecas estão cheias de lágrimas?

América quando você mandará seus ovos para a Índia?

Eu estou cheio das suas exigências malucas.

Quando poderei entrar no supermercado e comprar o que preciso só com minha boa aparência?América afinal eu e você é que somos perfeitos não o outro mundo.

Sua maquinaria é demais para mim.

Você me fez querer ser santo.

Deve haver algum jeito de resolver isso.

Burroughs está em Tânger acho que ele não volta mais isso é sinistro.

Estará você sendo sinistra ou isso é uma brincadeira?

Estou tentando entrar no assunto. Eu me recuso a desistir das minhas obsessões.

América pare de me empurrar sei o que estou fazendo.

América as pétalas das ameixeiras estão caindo.

Faz meses que não leio os jornais todo dia alguém é julgado por assassinato.

América fico sentimental por causa dos Wobblies. [1]

América eu era comunista quando criança e não me arrependo.

Fumo maconha toda vez que posso.

Fico em casa dias seguidos olhando as rosas no armário.

Quando vou ao Bairro Chinês fico bêbado e nunca consigo alguém para trepar.

Eu resolvi vai haver confusão.

Você devia ter me visto lendo Marx.

Meu psicanalista acha que estou muito bem.

Não direi as Orações ao Senhor.

Eu tenho visões místicas e vibrações cósmicas.

América ainda não lhe contei o que você fez com Tio Max depois que ele voltou da Rússia.

Eu estou falando com você.

Você vai deixar que sua vida emocional seja conduzida pelo Time Magazine?

Estou obcecado pelo Time Magazine.

Eu o leio toda semana.

Sua capa me encara toda vez que passo sorrateiramente pela confeitaria da esquina.

Eu o leio no porão da Biblioteca Pública de Berkeley.

Está sempre me falando de responsabilidades.

Os homens de negócios são sérios.

Os produtores de cinema são sérios.

Todo mundo é sério menos eu.

Passa pela minha cabeça que eu sou a América.

Estou de novo falando sozinho.

A Ásia se ergue contra mim.

Não tenho nenhuma chance de chinês.

É bom eu verificar meus recursos nacionais.

Meus recursos nacionais consistem em dois cigarros de maconha milhões de genitais uma literatura pessoal impublicável a 2000 quilômetros por hora e vinte e cinco mil hospícios.

Nem falo das minhas prisões ou dos milhões de desprivilegiados que vivem nos meus vasos de flores à luz de quinhentos sóis.

Aboli os prostíbulos da França, Tânger é o próximo lugar.

Ambiciono a Presidência apesar de ser católico.

América como poderei escrever uma litania neste seu estado de bobeira?

Continuarei como Henry Ford meus versos são tão individuais como seus carros mais ainda todos têm sexos diferentes.

América eu lhe venderei meus versos a 2.500 dólares cada com 500 de abatimento pela sua estrofe usada.

América liberte Tom Mooney. [2]

América salve os legalistas espanhóis.

América Sacco & Vanzetti não podem morrer [3]

América eu sou os garotos de Scottsboro [4]

América quando eu tinha sete anos minha mãe me levou a uma reunião da célula do Partido Comunista eles nos vendiam grão de bico um bocado por um bilhete um bilhete por um tostão e todos podiam falar todos eram angelicais e sentimentais para com os trabalhadores era tudo tão sincero você não imagina que coisa boa era o Partido em 1935 Scott Nearing era um velho formidável gente boa de verdade Mãe Bloor me fazia chorar certa vez vi Israel Amster cara a cara.

Todo mundo devia ser espião. [5]

América a verdade é que você não quer ir à guerra.

América são eles os Russos malvados.

Os Russos os Russos e esses Chineses.

E esses Russos.

A Rússia nos quer comer vivos.

O poder da Rússia é louco.

Ela quer tirar nossos carros das nossas garagens.

Ela quer pegar Chicago.

Ela precisa de um Reader's Digest vermelho.

Ela quer botar nossas fábricas de automóveis na Sibéria.

A grande burocracia dela mandando em nossos postos de gasolina.

Isso é ruim.

Ufa.

Ela vai fazê os ìndio aprendê vermelho. Ela quer pretos bem grandes.

Ela quer nos fazê trabalhá dezesseis horas por dia. Socorro! [6]

América tudo isso é muito sério.

América essa é a impressão que tenho quando assisto televisão.América será que isso está certo?É melhor eu pôr as mãos à obra.

É verdade que não quero me alistar no Exército ou girar tornos em fábricas de peças de precisão. De qualquer forma sou míope e psicopata.

América eu estou encostando meu delicado ombro à roda. [7][

Tradução e notas: Claudio Willer, em "Uivo e outros poemas", L&PM, 2006]--------

OUÇA 'AMERICA' [Allen Ginsberg e Tom Waits]

POSTADO POR MÉCO FREIRE
CHEGA NO SWING

Todos os movimentos da juventude nasceram da inconformidade com a situação político-social, que não agradava um grupo, uma nação, um continente, ou até mesmo o mundo, e estes movimentos deixaram uma grande marca nas artes, de forma mais acentuada e socializada na música e na literatura, assim foi com o existencialismo no começo do século XX em que o mundo estava em crise. A filosofia também. O mundo vivia a esperança de um mundo mais livre e mais justo, porém a descrença política e a idéia de história como progresso abalava a possibilidade da liberdade. As guerras, a revolução sexual, o anseio de liberdade dos povos oprimidos, vinha acompanhado da melodia do jazz.
Em meados dos anos 50 nasce à geração beat, cansados da monotonia da vida ordenada e da idolatria à vida suburbana na América do pós-guerra, resolveram, regados a jazz, drogas, sexo livre e pé-na-estrada, fazer sua própria revolução cultural através da literatura e da música, evidenciada na melancolia do jazz-rock eletrificado pela guitarra de Bob Dilan.
Nos anos 60 emerge o rock na indignação hippie, espécie de socialismo-anarquista e estilo de vida nômade, ou vida em comunhão com a natureza. Negando o nacionalismo e a Guerra do Vietnam, bem como todas as guerras, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduismo, e/ou as religiões das culturas nativas norte-americanas. Posicionavam-se em desacordo com os valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas e totalitárias; enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o autoritarismo e os valores sociais tradicionais como parte de uma "instituição" única, e que não tinha legitimidade.
Posteriormente emergiram vários movimentos juvenis de contestação, como o movimento punk. Originário dos subúrbios Londrinos, inicialmente teve como protagonistas os filhos dos explorados mineiros ingleses. O visual rompia os padrões tradicionais impostos pela sociedade de consumo pautada nos modismos, traduzindo sua revolta no corte de cabelo à moicano (ou cabelos espetados) coloridos, nas roupas velhas surradas, nas jaquetas arrebitadas com frases de indignação às injustiças do Estado repressor. A atitude subversiva se corporifica na figura do PUNK. Esse movimento não fica calado, acomodado, como a maioria dos jovens e da população em geral, expressa-se por meio de manifestações, panfletagens, boicotes, passeatas: mostrando sua cultura e seu repúdio a todas as formas de fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando; vendo como solução a autogestão (ou seja anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres. Em palavras mais claras, a autogestão seria a organização dos povos sem fronteiras nem lideranças autoritárias e partidárias, com plena igualdade, onde todos participariam da resolução dos problemas sociais, embalados pela musica dos Sex Pistols.
Entre muitos outros que nascem a todo o momento, contemporaneamente podemos ressaltar o hip hop, e o funk, etc. Todos esses movimentos tiveram como expressão maior uma tendência musical. No Brasil, o movimento hip hop representa a resistência da periferia, e a denúncia das injustiças através da música.
Portanto, não restam dúvidas, de que os grandes movimentos são acompanhados de uma grande marca natural nas artes, principalmente na música.
Não muito perceptível quase de forma silenciosa, mas real, está surgindo um novo movimento da juventude brasileira, que se percebe através da música, após a frustração com da expectativa dos últimos tempos, em que se esperava mudanças mais estruturais na sociedade brasileira, bem como uma postura no mínimo ética dos governantes e políticos em geral.
Um sentimento de traição envolve a todos, alguns extravasam diretamente suas indignações, outros de forma mais silenciosa, no entanto, ambos são atingidos pela descrença num mundo melhor, e o descrédito na atuação política.
E é justamente aí, nesta crise moral, ética, política e porque não pelo sentimento de traição que a maioria da população foi envolvida, que nasce um grande movimento (tudo vira hipótese) que tem uma origem muito bela: o humanismo.
Este movimento é evidenciado na música dos maiores poetas e músicos da nova geração como SEU JORGE, ZÉCA BALEIRO, ANA CAROLINA, NANDO REIS, e tantos outros, que estampam a indignação por esta inesquecível traição de uma esperança enterrada diante do continuísmo do neoliberalismo, em que se vê cada dia, dinheiro em cueca, defesas a golpes de picaretagem do Sarney, pagamento de dívida externa, enriquecimento cada vez maior dos bancos, sem falar na crise ética dos políticos de “esquerda” e na postura imbecil do grande chefe, que a cada aparição pública fala merda...
Pois aniquiladas nossas esperanças, a poesia ao contrário de outros tempos, em que os inimigos eram verdes e com metralhadoras em punho, os inimigos de hoje continuam camuflados em seus ternos bem cortados e desfilam sem nenhuma elegância pelos gabinetes das instituições do país, um pouco sem jeito, pois acostumados à calça jeans e a camisa com estampa de Che Guevara, mas pelo menos perderam a máscara. Desta forma, sem perceber porém estarem contribuindo com a poesia, com o escracho e dando cada vez mais força com este grande movimento que usa a ironia com os desmascarados unida com a sensibilidade e sentimentos mais nobres de humanidade típico dos poetas, sentimentos que não constaram em cartilhas políticas, mas se encontram no íntimo de muitos, muito embora, tantos preferiram trocar, quem sabe o que tinham de melhor, pela cobiça, pela vaidade, pelo cargo, pelo dinheiro, ou simplesmente não tiveram opção por ser questão de sobrevivência.
Infelizmente esqueceram as primeiras lições de seus pais, como por exemplo, aquela frase que quase todos já ouvimos: - NÃO ROUBE MEU FILHO – NÃO PEGUE O QUE LHE NÃO PERTENCE – DEVOLVA ESTE LÁPIS DE SEU AMIGUINHO.
A história, as conquistas, vidas desperdiçadas, ou não, mas sem dúvidas traídas pela esperança, gerações inteiras que em algum momento teve que optar entre o conforto de uma vida comum sem preocupações ou pela luta social e militância política.
No entanto nada foi em vão, pois tudo nos engrandece como pessoa, tornamo-nos seres humanos melhores certamente, e como tudo vira hipótese, este movimento é certo que vai crescer, só não sabe onde vai parar indo de encontro à valorização de cada um na atuação na sociedade, sempre com nossa interminável mania solidariedade, tolerância, e amor á vida, na solidão de uma saudade de tempos que se foram e não voltam mais.

Então como diz Seu Jorge:
Há muito tempo estamos reclamando os rumos do país
Mas agora não dá mais
Só nos resta sacudir em paz
Só nos resta querer viver bem mais
O que me importa é que você agora possa estar... aqui
Salve a vida, salve o amor e vem curtir... esse clima
Explodir da vida pra cima(...)”
Quem apanha não esquece!

TEXTO Meco Freire 10 de julho de 2009.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O ANSEIO "CIVILIZATÓRIO" DA VIDA REAL

Nada mais complexo do que a realidade.... Na grande maioria das vezes ela nos incomoda, nos desgosta, nos violenta, nos decepciona. Nada é exatamente como desejamos ou esperamos. Nossa vontade de controlar, moldar, aperfeiçoar, purificar, sacralizar e embelezar a vida real não tem limites.
Como praga rogada desde os primórdios, reinventada e resignificada de tempos em tempos, seguimos professando a nossa fé na "civilização" ou "civilidade". Volta e meia reafirmamos nosso velho "contrato social", a partir do dogma de um "mínimo ético comum". Quanto mais nos sentimos incapazes, vulneráveis, exaustos e descrentes, mais reafirmamos nossas normas totalizantes, abstratas e a-históricas. Quanto mais nos sentimos sozinhos e desamparados, mais saudamos e edificamos nossas desgastadas instituições públicas.
Padecemos de uma patologia... a dificuldade, o medo, o pânico do estranho, incontrolável, dissonante, violento e efervescente.
Tudo segue na mais perfeita ordem até o momento em que os fatos nos sacodem do sono tranqüilo, fazendo emergir o medo ancestral da desordem, e da escuridão resultante da ação e força do imaginário social. De repente não mais que de repente assistimos surgir vozes de vários recantos, até então silenciosos, clamando pela volta da ordem e da normalidade.
Alguns, os mais honestos ou quem sabe corajosos, demonstram sua incompreensão e não raras vezes seu temor diante do que estão vendo. Outros, por sua vez, mais articulados, resgatam aqueles preceitos idealizados e mitificados, que fizeram da modernidade o único período histórico, conforme nos afirma Bauman, que (de forma petulante, isso é por minha conta) se auto-denominou "civilização". Mas ambos clamam, rezam e reafirmam suas crenças nas técnicas de controlar, limitar, respeitar, simplificar, pacificar tudo aquilo que existe de vida e pulsão nas manifestações humanas.
Buscando um conceito de Dionísio "é teatro, é tragédia, é abalo na normalidade, nos democratas juramentados, nos tiranos de ocasião, nos bons moços defensores de direitos, deveres e castgos."

quarta-feira, 15 de julho de 2009

NO DIA DO MEU NIVER ME SENTI UM POUCO COMO FERNANDO PESSOA

Aniversário
Fernando Pessoa( Álvaro de campos )
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu era feliz e ninguém estava morto. Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos, E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer. No tempo em que festejavam o dia dos meus anos, Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma, De ser inteligente para entre a família, E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim. Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças. Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida. Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo, O que fui de coração e parentesco. O que fui de serões de meia-província, O que fui de amarem-me e eu ser menino, O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui... A que distância!... (Nem o acho... ) O tempo em que festejavam o dia dos meus anos! O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa, Pondo grelado nas paredes... O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas), O que eu sou hoje é terem vendido a casa, É terem morrido todos, É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio... No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ... Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo! Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez, Por uma viagem metafísica e carnal, Com uma dualidade de eu para mim... Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes! Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui... A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos, O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado, As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa, No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .
Pára, meu coração! Não penses! Deixa o pensar na cabeça! Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus! Hoje já não faço anos. Duro. Somam-se-me dias. Serei velho quando o for. Mais nada. Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ... O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Assumir a Construção

Tudo vem e aí está.

E veio, rebento, descobrir que tudo podia pegar.

Bem, veio, mas não quis saber donde pronde.

Pegar o bonde, o trem, a lotação, tudo fazia, tudo, vão.

Construção, eram edifícios, janelas, carros e portões,

Jamais a vida, esse espetáculo, esta festa.

Parou, enterrou os olhos em alguém que lhe dizia,

Que a vida, sofria, não era só o dia, mas a noite, brilhava,

Assim, com as estrelas, assim, com as lamparinas.




Negou o eis pronto,

Conquistou o agora monto.


João Pedro

segunda-feira, 13 de julho de 2009

DE NOVO O GALEANO PARA VOCÊS

Eduardo Galeano: a palavra e a publicidade
“Busque a verdade”: a verdade está na cerveja Heineken.
“Você deve apreciar a autenticidade em todas suas formas”: a autenticidade fumega nos cigarros Winston.
Os tênis Converse são solidários e a nova câmara fotográfica da Canon se chama Rebelde: “Para que você mostre do que é capaz”.
No novo universo da computação, a empresa Oracle proclama a revolução: “A revolução está em nosso destino”. A Microsoft convida ao heroísmo: “Podemos ser heróis”. A Apple propõe a liberdade: “Pense diferente”.
Comendo hambúrgueres Burger King, você pode manifestar seu inconformismo: “Às vezes é preciso rasgar as regras”.
Contra a inibição, Kodak, que “fotografa sem limites”.
A resposta está nos cartões de crédito Diner's: “A resposta correta em qualquer idioma”. Os cartões Visa afirmam a personalidade: “Eu posso”.
Os automóveis Rover permitem que “você expresse sua potência”, e a empresa Ford gostaria que “a vida estivesse tão bem feita” quanto seu último modelo.Não há melhor amiga da natureza do que a empresa petrolífera Shell: “Nossa prioridade é a proteção do meio ambiente”.
Os perfumes Givenchy dão eternidade; os perfumes dão eternidade; os perfumes Dior, evasão; os lenços Hermès, sonhos e lendas.
Que não sabe que a chispa da vida se acende para quem bebe Coca-Cola?
Se você quer saber, fotocópias Xerox, “para compartilhar o conhecimento”.
Contra a dúvida, os desodorantes Gillette: “Para você se sentir seguro de si mesmo”.

terça-feira, 7 de julho de 2009

BIOGRAFIA DE FELA KUTI







Fela Anikulapo Ransome Kuti (Abeokuta, 1938 — 1997) foi um multi-instrumentista nigeriano, músico e compositor, pioneiro da música afrobeat, ativista político e dos direitos humanos. Nasceu em Abeokuta, no estado de Ogun, na Nigéria em uma familía de classe média. Sua mãe, Funmilayo Ransome-Kuti, foi uma feminista atuante no movimento anticolonial, e seu pai, Reverendo Israel Oludotun Ransome-Kuti, um pastor protestante e diretor de escola, foi o primeiro presidente da União Nigeriana de Professores. Seus irmãos Dr. Beko Ransome-Kuti e Olikoye Ransome-Kuti, eram ambos conhecidos na Nigéria.
Ele mudou-se para Londres em 1958 com a intenção de estudar Medicina, mas acabou decidindo estudar música no Trinity College of Music. Lá, ele formou a banda Koola Lobitos, tocando um estilo de música que chamaria posteriormente de Afrobeat. O estilo era uma mistura do Jazz americano com o Highlife da África Ocidental. Em 1961, Em 1963 Fela voltou para a Nigéria, reformou o Koola Lobitos e trabalhou como produtor de rádio para a Empresa Nigeriana de Transmissão . Em 1969 Fela levou a banda para os Estados Unidos. Lá, Fela descobriu o movimento Black Power através de Sandra Smith (hoje Isidore), uma partidária do Panteras Negras, que influenciaria fortemente sua música e suas visões politícas e renomou a banda para “Nigeria 70”. Logo, o Serviço de Naturalização e Imigração foi informado por um empresário que Fela e sua banda estavam nos EUA sem licença de trabalho. A banda então realizou uma rápida sessão de gravação em Los Angeles, que mais tarde viria a ser lançado como “The ‘69 Los Angeles Sessions”.
Fela e sua banda, renomeada para “Africa ‘70” retornaram para a Nigéria. Ele então formou a República Kalakuta, uma comuna, um estúdio de gravação e uma casa para muitos conectados à banda a qual mais tarde ele declarou independente do Estado da Nigéria.



Fela também mudou o seu nome do meio para “Anikulapo” (que significa “aquele que carrega a morte no bolso”), declarando que o seu nome do meio original, Ransome, era um nome de escravo. As gravações continuaram e a música se tornou mais motivada politicamente. A música de Fela se tornou bastante popular entre os cidadãos nigerianos e africanos em geral. De fato, ele decidiu cantar em um Pidgin baseado no inglês de forma que sua música pudesse ser apreciada por indivíduos de toda a África, onde as línguas faladas locais são muito diversas e numerosas. À medida que a música de Fela tinha se tornado popular na Nigéria e em todo lugar, ela também era bastante impopular entre o governo no poder e ataques à República Kalakuta eram freqüentes. Em 1974, a polícia chegou com um mandado de busca e um cigarro de cannabis, o qual tinha a intenção de ocultar em posse de Fela. Ele se deu conta disso e engoliu o cigarro. Em resposta, a polícia o levou em custódia e esperou para examinar suas fezes. Fela conseguiu a ajuda de seus companheiros presos e entregou à polícia as fezes de outra pessoa, Fela foi assim liberado. Ele então relatou o incidente em seu lançamento Expensive Shit.
Em 1977 Fela e a Afrika 70 lançaram o sucesso Zombie, um ataque mordaz aos soldados nigerianos, usando a metáfora “zumbi” para descrever os métodos das forças armadas nigerianas. O álbum foi um sucesso esmagador entre o público e enfureceu o governo, dando início a um cruel ataque à República Kalakuta, durante o qual mil soldados atacaram a comuna. Fela foi severamente espancado, e sua mãe idosa foi arremessada de uma janela, causando ferimentos fatais. A República Kalakuta foi incendiada e o estúdio, instrumentos e gravações originais de Fela foram destruídos. Fela afirmou que teria sido morto se não fosse pela intervenção de um oficial comandante quando estava sendo espancado. A resposta de Fela ao ataque foi enviar o caixão de sua mãe para o quartel principal em Lagos e escrever duas canções, “Coffin for Head of State” e “Unknown Soldier”, referindo-se ao inquérito oficial que afirmou que a comuna foi destruída por um soldado desconhecido.
Em 1978 Fela casou-se com vinte e sete mulheres, muitas das quais eram suas dançarinas e vocalistas, para marcar o aniversário do ataque na República Kalakuta. O ano foi marcado também por dois notórios espetáculos, o primeiro em Acra no qual ocorreram tumultos durante a música “Zombie” que levaram Fela a ser proibido de entrar em Gana. O segundo foi no Berlin Jazz Festival após o qual a maioria dos músicos de Fela o abandonou, devido a rumores de que Fela estava planejando utilizar a totalidade dos lucros para financiar sua campanha presidencial.
Apesar dos maciços retrocessos, Fela estava determinado a voltar. Ele formou seu próprio partido político, que chamou de Movimento do Povo . Em 1979 ele se candidatou a presidente nas primeiras eleições da Nigéria após mais de uma década mas sua candidatura foi recusada. À essa época, Fela criou uma nova banda chamada “Egypt 80” e continuou a gravar álbuns e viajar pelo país. Ele ainda enfureceu as autoridades políticas colocando os nomes do vice-presidente da ITT Moshood Abiola e do então General Olusegun Obasanjo ao final de um discurso político de 25 minutos sucesso de vendas intitulado “International Thief Thief”.Em 1984 ele foi novamente atacado pelo governo militar, que o prendeu sob uma dúbia acusação de lavagem de dinheiro. Seu caso foi acompanhado por vários grupos de direitos humanos e, após vinte meses, ele foi libertado pelo General Ibrahim Babangida. Ao ser liberto ele divorciou-se de suas doze esposas restantes, dizendo “Casamento traz ciúmes e egoísmo”.



Em 1989 Fela & Egypt 80 lançou o álbum antiapartheid “Beasts of No Nation” que exibe em sua capa o Presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e o primeiro-ministro da África do Sul P.W. Botha com caninos pingando sangue.Sua produção de álbuns reduziu na década de 90 e ele enfim parou de lançar mais álbuns. A luta contra a corrupção militar na Nigéria esstava causando estragos, principalmente durante a ascenção do ditador Sani Abacha. Também estavam se espalhando rumores de que ele estava sofrendo de uma doença da qual se recusava a tratar. Em 3 de Agosto de 1997 Olikoye Ransome-Kuti, um já proeminente ativista contra a AIDS e anterior Ministro da Saúde, surpreendeu a nação anunciando a morte de seu irmão mais novo um dia antes de Sarcoma de Kaposi causado por AIDS. (O irmão mais novo deles, Beki, estava preso no momento pelas mãos de Abacha por atividade política). Mais de um milhão de pessoas compareceram ao funeral de Fela no local do antigo recinto da Shrine. Uma nova Africa Shrine foi aberta depois da morte de Fela em uma diferente seção de Lagos sob a supervisão do seu filho Femi Kuti.Música.



O estilo musical de Fela Kuti é chamado Afrobeat, o que essencialmente é uma fusão de jazz, funk e cantos tradicionais africanos. Possui percussão de estilo africano, vocais e estrutura musical que passa por jazz e seções de funky horn. O “endless groove” também é usado, com um ritmo básico com baterias, muted guitar e baixo que são repetidos durante a música. Essa é uma técnica comum na África e em estilos musicais influenciados por ela, como o funk e o hip-hop. Alguns elementos presentes nas músicas de Fela são chamados de call-and-response (chamada e resposta) com o coro e alguns simples mas significativos rifes. A música de Fela quase sempre tem mais do que dez minutos, alguns atingindo a marca de vinte ou trinta minutos. Essa é uma das muitas razões que sua música nunca atingiu um grau de popularidade substancial fora da África. Sua música era mais tocada em línguas nigerianas, além de algumas músicas tocadas em ((Yoruba)). Os principais instrumentos de Fela, era o saxofone e o teclado, mas ele também tocava trompete, guitarra e ocasionalmente solos de bateria. Fela se recusava a tocar músicas novamente após já tê-la gravado, o que por sua vez retardos sua popularidade fora d África. Fela era conhecido por sua performance, e seus concertos eram tidos como bárbaros e selvagens. Ele referência sua atuação como um jogo espiritual underground.

O FILME "O VISITANTE" E A DESCOBERTA DE FELA KUTI


O filme "O Visitante" do diretor Thomas McCarthy embora tenha como tema a política de imigração dos EUA pós 11 de setembro, o faz de forma sutil, não se propondo a discutir a questão com profundidade ou de forma ortodoxa. Mesmo assim, instiga questionamentos importantes, essencialmente quando apresenta as técnicas de controle, segregação e incapacitação empregadas nos centros de detenção para imigrantes, disseminados por todo país.

O roteiro apresenta uma a inusitada relação entre Walter, resignado professor universitário americano, e os imigrantes ilegais, o sírio Tarek e sua namorada senegalesa Zainab.

Após fortuito encontro em NY, os três protagonistas estabelecem de forma delicada e pouco apressada laços afetivos, cujo interlocutor principal é a música, e não biografias, confissões ou mesmo compartilhamento de valores, gostos costumes e ansiedades.

Melhor que isso.... a música que possibilita e provoca a catarse é a música africana.... E é neste aspecto que podemos ter o melhor, através dos sons eloquentes de Fela Kuti, o monstro nigeriano do que se chamou nos anos 70 de africa beat.

Para matar a curiosidade de vocês vou postar um pouca da vida deste nigeriano maravilhoso.

Os Ninguéns (Eduardo Galeano)

Obs.: Não se atenham ao português. A cópia foi realizada na íntegra.

"As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura. Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada. Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos: Que não são, embora sejam. Que não falam idiomas, falam dialetos. Que não praticam religiões, praticam supertições. Que não fazem arte, fazem artesanato. Que não são seres humanos, são recursos humanos. Que não têm cultura, têm folclore. Que não têm cara, têm braços. Que não têm nome, têm número. Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local. Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata."

Postado por Thiago Vian.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O MORALISMO E A CARETICE FAZEM NOVAS VÍTIMAS: AGORA AS CRIANÇAS.

Quando pensamos na infância sempre nos vem sensações lúdicas de delicadeza e ingenuidade, e não raras vezes esquecemos que esta é também a fase, onde livres do nosso rancoroso superego, damos maior vasão aos nossos egoísmos, fantasias e criatividades.
E é exatamente pelo fato da infância significar o início da descoberta e questionamento do mundo em que vivemos, que a torna tão interessante, instigante e muitas vezes trágica (no sentido dado por Nietzsche).
Nos idos tempos a palavra infância (na origem latina) estava relacionada com a ausência de fala. Assim, a criança por não falar sempre ocupava o lugar de terceira pessoa no discurso dos que dela falavam.
Felizmente vivenciamos hoje uma situação bastante diferente, nossas crianças estão cada vez mais incrédulas e irresignadas. A chamada fase dos "porquês" constitui uma busca intermitente por significações. O abandono da sacralização e mitificação de nossas crianças lhes permitiram romper com os estereotipos de incapacitação, lhes conferindo um outro lugar que não mais aquele de seres menores, desprovidos de atitudes, sexualidade, gostos, idéias, desejos e singularidades.
Insensíveis e refratários a qualquer tipo de coisa que lhes pareça desconhecida ou incontrolável, os moralistas e caretas de plantão, buscam reavivar medidas de imbecilização por meio da imposição de censura aos livros dirigidos ao público infantil.
Numa clara declaração de incompreensão, as secretarias de alguns estados do país (São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) mandaram recolher determinadas obras destinadas a utilização nas escolas, por considerarem que o conteúdo era inadequado as crianças.
As obras, prestem atenção porque com certeza vale a pena conhecer, são:
"Dez na área, um na banheira e ninguém no gol" do cartunista Caco Galhardo; as "Aventuras Provisórias" de Cristovão Tezza e ""Um Contrato com Deus" de Will Eisner.
As obras falam de sexo, de violência, de homossexualismo, de drogas, ou seja, falam da realidade.
Falando em realidade lembrei uma historinha antiga.
Perguntado a um homem. Como estão as coisas??? Ele respondeu. Fora a realidade está tudo bem.
Parece-me que algumas das nossas autoridades na área da educação, pensam exatamente isso. É preciso educar nossas crianças, possibilitando-lhes fortalecer a sua auto-estima e exercer a sua cidadania, mas desde que isso seja feito sem qualquer compromisso com a realidade que as cerca. Nada de questões complexas, de quebrar tabus e preconceitos, de incitar o questionamento e de fomentar possíveis ameaças as autoridades e opiniões constituídas.