quinta-feira, 23 de julho de 2009

CHEGA NO SWING

Todos os movimentos da juventude nasceram da inconformidade com a situação político-social, que não agradava um grupo, uma nação, um continente, ou até mesmo o mundo, e estes movimentos deixaram uma grande marca nas artes, de forma mais acentuada e socializada na música e na literatura, assim foi com o existencialismo no começo do século XX em que o mundo estava em crise. A filosofia também. O mundo vivia a esperança de um mundo mais livre e mais justo, porém a descrença política e a idéia de história como progresso abalava a possibilidade da liberdade. As guerras, a revolução sexual, o anseio de liberdade dos povos oprimidos, vinha acompanhado da melodia do jazz.
Em meados dos anos 50 nasce à geração beat, cansados da monotonia da vida ordenada e da idolatria à vida suburbana na América do pós-guerra, resolveram, regados a jazz, drogas, sexo livre e pé-na-estrada, fazer sua própria revolução cultural através da literatura e da música, evidenciada na melancolia do jazz-rock eletrificado pela guitarra de Bob Dilan.
Nos anos 60 emerge o rock na indignação hippie, espécie de socialismo-anarquista e estilo de vida nômade, ou vida em comunhão com a natureza. Negando o nacionalismo e a Guerra do Vietnam, bem como todas as guerras, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduismo, e/ou as religiões das culturas nativas norte-americanas. Posicionavam-se em desacordo com os valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas e totalitárias; enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o autoritarismo e os valores sociais tradicionais como parte de uma "instituição" única, e que não tinha legitimidade.
Posteriormente emergiram vários movimentos juvenis de contestação, como o movimento punk. Originário dos subúrbios Londrinos, inicialmente teve como protagonistas os filhos dos explorados mineiros ingleses. O visual rompia os padrões tradicionais impostos pela sociedade de consumo pautada nos modismos, traduzindo sua revolta no corte de cabelo à moicano (ou cabelos espetados) coloridos, nas roupas velhas surradas, nas jaquetas arrebitadas com frases de indignação às injustiças do Estado repressor. A atitude subversiva se corporifica na figura do PUNK. Esse movimento não fica calado, acomodado, como a maioria dos jovens e da população em geral, expressa-se por meio de manifestações, panfletagens, boicotes, passeatas: mostrando sua cultura e seu repúdio a todas as formas de fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando; vendo como solução a autogestão (ou seja anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres. Em palavras mais claras, a autogestão seria a organização dos povos sem fronteiras nem lideranças autoritárias e partidárias, com plena igualdade, onde todos participariam da resolução dos problemas sociais, embalados pela musica dos Sex Pistols.
Entre muitos outros que nascem a todo o momento, contemporaneamente podemos ressaltar o hip hop, e o funk, etc. Todos esses movimentos tiveram como expressão maior uma tendência musical. No Brasil, o movimento hip hop representa a resistência da periferia, e a denúncia das injustiças através da música.
Portanto, não restam dúvidas, de que os grandes movimentos são acompanhados de uma grande marca natural nas artes, principalmente na música.
Não muito perceptível quase de forma silenciosa, mas real, está surgindo um novo movimento da juventude brasileira, que se percebe através da música, após a frustração com da expectativa dos últimos tempos, em que se esperava mudanças mais estruturais na sociedade brasileira, bem como uma postura no mínimo ética dos governantes e políticos em geral.
Um sentimento de traição envolve a todos, alguns extravasam diretamente suas indignações, outros de forma mais silenciosa, no entanto, ambos são atingidos pela descrença num mundo melhor, e o descrédito na atuação política.
E é justamente aí, nesta crise moral, ética, política e porque não pelo sentimento de traição que a maioria da população foi envolvida, que nasce um grande movimento (tudo vira hipótese) que tem uma origem muito bela: o humanismo.
Este movimento é evidenciado na música dos maiores poetas e músicos da nova geração como SEU JORGE, ZÉCA BALEIRO, ANA CAROLINA, NANDO REIS, e tantos outros, que estampam a indignação por esta inesquecível traição de uma esperança enterrada diante do continuísmo do neoliberalismo, em que se vê cada dia, dinheiro em cueca, defesas a golpes de picaretagem do Sarney, pagamento de dívida externa, enriquecimento cada vez maior dos bancos, sem falar na crise ética dos políticos de “esquerda” e na postura imbecil do grande chefe, que a cada aparição pública fala merda...
Pois aniquiladas nossas esperanças, a poesia ao contrário de outros tempos, em que os inimigos eram verdes e com metralhadoras em punho, os inimigos de hoje continuam camuflados em seus ternos bem cortados e desfilam sem nenhuma elegância pelos gabinetes das instituições do país, um pouco sem jeito, pois acostumados à calça jeans e a camisa com estampa de Che Guevara, mas pelo menos perderam a máscara. Desta forma, sem perceber porém estarem contribuindo com a poesia, com o escracho e dando cada vez mais força com este grande movimento que usa a ironia com os desmascarados unida com a sensibilidade e sentimentos mais nobres de humanidade típico dos poetas, sentimentos que não constaram em cartilhas políticas, mas se encontram no íntimo de muitos, muito embora, tantos preferiram trocar, quem sabe o que tinham de melhor, pela cobiça, pela vaidade, pelo cargo, pelo dinheiro, ou simplesmente não tiveram opção por ser questão de sobrevivência.
Infelizmente esqueceram as primeiras lições de seus pais, como por exemplo, aquela frase que quase todos já ouvimos: - NÃO ROUBE MEU FILHO – NÃO PEGUE O QUE LHE NÃO PERTENCE – DEVOLVA ESTE LÁPIS DE SEU AMIGUINHO.
A história, as conquistas, vidas desperdiçadas, ou não, mas sem dúvidas traídas pela esperança, gerações inteiras que em algum momento teve que optar entre o conforto de uma vida comum sem preocupações ou pela luta social e militância política.
No entanto nada foi em vão, pois tudo nos engrandece como pessoa, tornamo-nos seres humanos melhores certamente, e como tudo vira hipótese, este movimento é certo que vai crescer, só não sabe onde vai parar indo de encontro à valorização de cada um na atuação na sociedade, sempre com nossa interminável mania solidariedade, tolerância, e amor á vida, na solidão de uma saudade de tempos que se foram e não voltam mais.

Então como diz Seu Jorge:
Há muito tempo estamos reclamando os rumos do país
Mas agora não dá mais
Só nos resta sacudir em paz
Só nos resta querer viver bem mais
O que me importa é que você agora possa estar... aqui
Salve a vida, salve o amor e vem curtir... esse clima
Explodir da vida pra cima(...)”
Quem apanha não esquece!

TEXTO Meco Freire 10 de julho de 2009.

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