quarta-feira, 1 de julho de 2009

O MORALISMO E A CARETICE FAZEM NOVAS VÍTIMAS: AGORA AS CRIANÇAS.

Quando pensamos na infância sempre nos vem sensações lúdicas de delicadeza e ingenuidade, e não raras vezes esquecemos que esta é também a fase, onde livres do nosso rancoroso superego, damos maior vasão aos nossos egoísmos, fantasias e criatividades.
E é exatamente pelo fato da infância significar o início da descoberta e questionamento do mundo em que vivemos, que a torna tão interessante, instigante e muitas vezes trágica (no sentido dado por Nietzsche).
Nos idos tempos a palavra infância (na origem latina) estava relacionada com a ausência de fala. Assim, a criança por não falar sempre ocupava o lugar de terceira pessoa no discurso dos que dela falavam.
Felizmente vivenciamos hoje uma situação bastante diferente, nossas crianças estão cada vez mais incrédulas e irresignadas. A chamada fase dos "porquês" constitui uma busca intermitente por significações. O abandono da sacralização e mitificação de nossas crianças lhes permitiram romper com os estereotipos de incapacitação, lhes conferindo um outro lugar que não mais aquele de seres menores, desprovidos de atitudes, sexualidade, gostos, idéias, desejos e singularidades.
Insensíveis e refratários a qualquer tipo de coisa que lhes pareça desconhecida ou incontrolável, os moralistas e caretas de plantão, buscam reavivar medidas de imbecilização por meio da imposição de censura aos livros dirigidos ao público infantil.
Numa clara declaração de incompreensão, as secretarias de alguns estados do país (São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) mandaram recolher determinadas obras destinadas a utilização nas escolas, por considerarem que o conteúdo era inadequado as crianças.
As obras, prestem atenção porque com certeza vale a pena conhecer, são:
"Dez na área, um na banheira e ninguém no gol" do cartunista Caco Galhardo; as "Aventuras Provisórias" de Cristovão Tezza e ""Um Contrato com Deus" de Will Eisner.
As obras falam de sexo, de violência, de homossexualismo, de drogas, ou seja, falam da realidade.
Falando em realidade lembrei uma historinha antiga.
Perguntado a um homem. Como estão as coisas??? Ele respondeu. Fora a realidade está tudo bem.
Parece-me que algumas das nossas autoridades na área da educação, pensam exatamente isso. É preciso educar nossas crianças, possibilitando-lhes fortalecer a sua auto-estima e exercer a sua cidadania, mas desde que isso seja feito sem qualquer compromisso com a realidade que as cerca. Nada de questões complexas, de quebrar tabus e preconceitos, de incitar o questionamento e de fomentar possíveis ameaças as autoridades e opiniões constituídas.

2 comentários:

  1. Titii, to procurando teu blog algum tempo, enfim achei. Bom, o que tenho a dizer é que ameeei, li todos os textos, um mais interessante que o outro, agora vou ficar ligada e atenta nas atualizações. Saudadess,
    beijoss e abraços.

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  2. Querida que bom que abriste um blog, eu já tive blog aberto mas atualmente mantenho um blog fechado (só com amenidades), nunca imaginei que tu gostasse dessas coisas ! Vou te linkar ha ha ha e mandar o pessoal vir aqui. beijo grande (e respondo teu email, to de volta em casanos EUA, foi muito boa a estadia).

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